Li & Recomendo: O Cortiço
Olá pessoas, estou de volta e com
resenha de um livro que li já faz algum tempinho. Confesso que a primeira vista
estava meio sem vontade de ler a história justamente pelo fato de o livro em si
ser praticamente obrigatório nos vestibulares, algo que não acho que deveria
ocorrer porque um livro não deve ser imposto e sim apreciado pelo leitor. Enfim,
para não ficar divagando sobre o assunto, a seguir, as impressões que tive ao
ler O Cortiço, do meu queridíssimo escritor Aluísio Azevedo, grande escritor da
nossa literatura. Espero que gostem da resenha e, para quem não leu o livro,
procure ler porque vale a pena mesmo. Beijocas!
Em o Cortiço (Aluísio Azevedo – Martin Claret – 232 páginas),
os preceitos naturalistas são utilizados para contar, antes de tudo, a história
dessa habitação coletiva muito típica di século XIX, em que moradores de diversas
etnias convivem num misto de pobreza e choques culturais que culminam,
consequentemente, para a degradação humana, uma vez que os moradores do Cortiço
acabam sedo influenciados pelo meio em que vivem.
Nesta perspectiva naturalista O Cortiço, dentre
vários aspectos que engloba, trata a questão da exploração do homem pelo homem,
afinal, João Romão, dono do cortiço, enriquece as custas da exploração de
outras pessoas. Inda sob essa perspectiva da exploração do homem, há a relação
sociológica entre os portugueses e os brasileiros, em que o primeiro grupo explora
o segundo que aqui é visto com sendo inferior e, porque não mencionar,
degradante.
Além disso, a questão do sexo é fortemente
evidenciada como sendo algo puramente animal e destruidora do caráter das
pessoas, exemplo disso é a transformação que ocorre na personagem Pombinha, que
acaba como prostituta no final da obra quando descobre que através do sexo pode
ter realizado os seus desejos mais profundos e até então desconhecidos.
Outro ponto que chama atenção em O Cortiço é o
espírito de coletividade que une as classes nos momentos mais críticos, como
quando a polícia invade o cortiço, assim as divergências são postas de lado
quando as pessoas se veem ameaçadas.
Em relação aos personagens da trama, pode-se dizer
que todos se interligam de alguma forma, apesar de poderem ser classificados em
grupos, como, por exemplo, o próprio cortiço (personagens central do livro) de
João Romão e o sobrado do Miranda, pois essas duas distintas habitações ganham
importância de seres vivos e representam a tensão vivida Poe esses dois homens
em dado momento da narrativa.
Não podemos nos esquecer também da questão do
homossexualismo em O Cortiço, pois é um dos constituintes da obra que ganha
grande importância ao ser tratado como “desvio de conduta”, o que pode ser
facilmente notado através da personagem Léonie, que foi a grande responsável
pela mudança de Pombinha e que no livro é tida como um mal que contamina a
sociedade.
Por todos os elementos anteriormente citados O
Cortiço, de Alísio Azevedo, é não só representante do realismo-naturalismo
brasileiro, mas uma obra a frente do seu tempo já que pode bem representar
aspectos pertinentes da sociedade atual em que vivemos, seja através do capitalismo
desregrado do homem e sua capacidade de exploração da própria espécie, seja pelo
comportamento pervertido das pessoas inescrupulosos ou pela grande desigualdade
social que assola cada vez mais nosso país.
Gostei da resenha Lucy. Assim como você, tinha o pé atrás com esse livro, por ser uma leitura obrigatória de vestibular. Achei interessante termos elementos atuais em um clássico. Realmente é um livro a frente de seu tempo. Beijo!
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